Diálogos (in)acabadosQuando se palmilha o percurso cíclico da obra de Alfredo Barros, fica-se sempre na expectativa do próximo encontro, isto porque o artista expõe comedidamente o seu trabalho, é um pintor eremita.Uma vez chegados à hora da imensidão dos sinais renovadores, embalam-se palavras novas, revêem-se gestos e olhares envoltos na memória dos saberes e segredos antigos – diálogos (in)acabados.Agora, sempre que esta partilha se retoma com a obra do pintor, ainda no espaço ressoam pensamentos em que vagueiam, imagens de panejamentos, paisagens, artefactos, frutos, obstáculos vítreos, enfiamento de perspectivas – estilhaços de outros quebrantos de enfeitiçamento da arte feita no tempo e dos tempos.O pintor surpreende-nos com a obsessão do bem pintar, técnica primorosa a denunciar a incansável tarefa de anos do seu labor. É um perfeccionista de carácter impulsivo. Importa (assim o espero) aos privilegiados leitores visitantes deste novo ciclo, enfrentar o discurso, o frente a frente com o desafiador diálogo animador de pistas oníricas, com a obra exposta.Neste diálogo imaginário, podemos competir com aquela tela que nos oferece uma significativa melancolia, e avaliar afinal que estamos cúmplices, porque arfamos, de tons menores uma melopeia intimista. Noutra, a discussão atinge a atmosfera da desordem, e, adensa-nos o suspirar por um recôndito lugar aquecido e tranquilo, ou quem sabe... um terreiro de luta?Se nos devotarmos na pesquisa, encontramos um tema onde se esconde a ironia e essa máscara assenta-nos no rosto como uma metamorfose.Nesta imagética, espreita-nos a “Ilha dos Mortos”, obra que nos assombra, que nos alerta, como ruído de concavo sino na hora surda do toque das trindades – a oração recolhida.Não estamos sós quando enfrentamos a obra de Alfredo Barros, algum mistério nos impele para o diálogo!... Divergente ou convergente.Perante a viagem temática, podemos livremente puxar o cordel do guião icónico que melhor se ajuste ao nosso momentâneo estado de espírito e, a partir daí, conduzir o discorrer do diálogo, com as apetências, exigências, incomodidades, e sobre esse cordel instável, caminharmos até ao ponto (de unidade?), que nos há-de levar ao outro lado da objectividade ou subjectividade que a obra de Alfredo Barros nos oferece.Cosmo grafismos – acidentais ou incidentais – das virtualidades, das discussões, das leituras e diálogos acabados ou inacabados que esperam como sentinelas alinhadas o disparo de novos jogos de dualidade, porque como diz o poeta Alexandre O´Neil “estamos todos bem servidos/ de solidão.” A. Cunha e Silva